A IATROGENIA MÉDICA
A IATROGENIA MÉDICA* Por Paulo Rebelo Assisti uma cena hospitalar que mudou minha vida. Eu era um jovem médico cheio de entusiasmo e com isso já angariava alguma simpatia de pacientes. Um desses pacientes era um homem na casa dos 50 anos, barba sempre por fazer, cabelos ralos e brancos, objetivo e por vezes, confrontador e irônico. Era um espirituoso. Chegava a ser desconcertante com suas observações inadequadas, mas era um bom homem. Era inteligente e sempre tinha a última palavra ou crítica, algo que médicos detestam num leigo. É que havia quinze dias que estava internado e segundo ele, ninguém dizia o que ele tinha. Apresentava febre que nunca passava, caroços no pescoço e axilas, perda de peso e suores noturnos "de encharcar a cama". O diagnóstico era câncer do sistema linfático em fase bem avançada. Naquela época, não havia a ressonância nuclear magnética, a imunofenotipagem, o PET SCAN nem o arsenal qimioterápico de hoje. É o que os médicos chamam de "caso clíni...