A PEQUENA PRINCESA

A PEQUENA PRINCESA

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Adotar conscientemente uma criança é maravilhoso, mas a adoção de surpresa é duas vezes mais bela.

A adolescente tinha dado a luz à uma linda criança. Ela procurara a única médica no posto de saúde pediátrico para doar a criança, especialmente, à ela como um presente, certo de que a sua filha seria bem tratada!

Devido ao burburinho no corredor, a médica teve que interromper o atendimento para para escutá-la e dissuadí-la dessa idéia que parecia absurda. Ofereceu-lhe cesta básica, toda a orientação adequada da equipe  multidisciplinar da unidade como nutricionista, vacinação, enfermeira, psicólogo, ginecologista e ela mesmo como pediatra para a recém-nascida.

Todavia, a menor estava resoluta; deixou o vilarejo dela grávida sem que os país soubessem disso, numa determinada ilha do Pará e para lá voltaria "sem a barriga" e sem criança alguma. Ninguém jamais saberia da sua gravidez.

O fato é que quando o esposo médico chega em casa às 22 horas, encontra a casa às escuras, apenas com um bico de luz. Estranhou o silêncio. Chamou pela mulher. Estava ausente. O filho de onze anos não o deixou entrar no quarto, mas assim mesmo entrou.

Em cima da cama, não percebeu, não viu envolta na manta a bebê de dois meses e sim, na sua imaginação, um cãozinho de pêlos  pretos que os filhos diziam que naquela semana, contra a vontade do homem, iriam levar para casa.

Para deitar-se, ele cansado e impaciente empurrou o "animal" para o lado, quando para o seu espanto, o bebê chorou. 

"Que história é essa? O que deu na tua mãe? Agora virou babá de alguma amiga? Onde está a tua mãe e teus irmãos a essa hora da noite?", perguntou o médico. Ao que o filho respondeu pulando e gagalhando: "papai, essa é a nossa irmãzinha e tua filhinha!" O coração do médico palpitou e ele sem acreditar, surpreso, de alegria, gritando "minha filha, minha filha!", chorou como uma criança.

"Papai, a mamãe saiu para comprar umas coisas para a bebê: pipo, banheira para banho, berço, fraldas, mamadeira, leite...o senhor sabe."

"Por que ela não me ligou? Já tem nome a criança?", pensou o homem. "Eu jamais teria dito não".

O fato é que quando a filha naturalmente começou a perguntar de seu nascimento, apontando para o peito da mãe se mamara ou se tinha saído da barriga dela, a mãe contava-lhe para a alegria da menina, a seguinte fábula que de tão bonita parecia até real: ela havia chegado na sua casa numa manha de domingo numa linda carruagem prateada com quatro cavalos alados. O cocheiro era um príncipe vestido de fraque aveludado azul e ela, linda, de vestido amarelo-ouro cintilante e cheia de cachos negros, que estava ali para ser entregue por ele aquela linda princesinha à rainha que, dizia-se, queria muito ter uma filha. Quem poderia resistir a isso?

Assim, para a felicidade daquele lar, ela se tornou sua única e mais bela filha, sua pequena princesa.

A menina não se cansava de pedir que a sua mãe recontasse aquela sua história, cada vez mais cheia de detalhes, até que um dia percebeu que aquilo tudo não passava de uma fantasia criada pela sua mãe, uma bela fábula para proteger-lhe da sua  verdadeira história e quer saber: o passado real já não lhe importava mais; o conto funcionou tão bem que é assim que elas se viam, como mãe e filha, e se amaram para sempre.

Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.

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