AUSÊNCIA
AUSÊNCIA
A falta que me faz
é tudo aquilo que me satisfaz,
que poderia ter me satisfeito,
aquilo que jamais tive,
que tive
e um dia se foi,
escapou entre meus dedos,
levando-me junto consigo
parte de mim para distante.
é tudo aquilo que me satisfaz,
que poderia ter me satisfeito,
aquilo que jamais tive,
que tive
e um dia se foi,
escapou entre meus dedos,
levando-me junto consigo
parte de mim para distante.
Há um imenso espaço que me arrebata,
porquanto nele sou livre,
mas preso à solidão da alma
que me preenche como um todo,
inunda e transborda...
porquanto nele sou livre,
mas preso à solidão da alma
que me preenche como um todo,
inunda e transborda...
Então, vem a completa ausência de
dentro de mim
e que me dá um vazio,
que me arde o peito,
e que me dá um vazio,
que me arde o peito,
que corre por entre minhas artérias e
veias,
esfriando o meu corpo por inteiro e entranhas,
dando-me a sensação de que ontem morri...
esfriando o meu corpo por inteiro e entranhas,
dando-me a sensação de que ontem morri...
Assim, essa ausência
dentro de mim,
que parece eterna
me faz sentir-me tão efêmero,
tão mortal.
dentro de mim,
que parece eterna
me faz sentir-me tão efêmero,
tão mortal.
Paulo Rebelo, o médico poeta.
Ao meu ver o melhor ou senão um dos melhores poemas existencialistas que já escrevi (e que já li). Estilo que lembra Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Cecilia Meireles quanto ao estilo.
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