A MEMÓRIA

A MEMÓRIA


Poema de Paulo Rebelo


A memória 

É um tempo 

Paralelo.

É um relógio 

Que não marca hora,

Marca sentimentos.


É um doce 

Filme 

De ter tido 

Ou de ter perdido algo.

Por certo,

Pode a qualquer hora

Ser assistido.


Nela há um banco

De imagens,

Minhas vitórias,

De pessoas 

Mais queridas,

Eternos amigos

Ou daqueles

Que teriam sido

Inimigos,

De meu tempo de criança,

De travessuras,

Das juvenis andanças.

Muitos, hoje,

Ainda que mortos,

Para sua honra,

Estão bem vivos,

Na minha memória.


Lá estão arquivadas

Minhas alegrias,

Todavia, também, 

Minhas grandes feridas,

Minhas derrotas.


Ah! Mesmo assim

Que bom

Que ela exista.

O que seria de mim

Sem minhas preciosas Lembranças?


Pois, como esquecer 

Do mal para evitar

Que de novo

Me ocorra

Ou do bem para sempre desejar que com ele me envolva?


Se quero ficar alegre

E para lá 

Que eu corro.

Se estou triste,

Saberás que

É de lá de onde venho.

Se tenho dor,

É lá meu refúgio

Se estou solitário,

É lá que busco

Companhia.


Assim, a memória 

É uma vida intensa,

Paralela,

Ainda que

Virtual,

Ricamente

Imaginária,

Mas vital.


Às vezes,

É tão real,

Que me faz 

Renascer

Ou uma rota de fuga

Quanto mais queira viver.


Quando ela me faz sofrer, 

Estou morrendo

Aos poucos,

Todavia quando 

Me faz sorrir,

Estou vivendo

Uma eternidade.


É que ao trazê-la

De volta,

Vem consigo

Uma torrente

De sentimentos conflitantes e mistos.


Porque, 

O que 

Não queremos mais lembrar,

Não conseguimos nunca

Esquecer,

Mas o que queremos ardentemente 

De volta para si,

Não podemos mais ter.


Portanto, o passado 

É indelével,

Não pode ser reescrito,

Mas pode ser reaprendido.


Assim, 

Apenas relembramos

Que um dia,

Naquele instante,

Fomos intensamente felizes!


Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.

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