A SOLIDÃO

A SOLIDÃO

Texto de Paulo Rebelo


Aonde vais?

E por que a pressa

Desde já imersa 

Numa ausência atroz?

No fundo de tua alma,

O que sentes além da sêde 

Por liberdade e justiça?


O que o mundo te fez 

Ou não te entregou 

Para que em silêncio 

Em busca de ti próprio partas 

Ao infinito e ao desconhecido?

O que te falta aqui 

Ou dentro de ti?


Que urgência e necessidade 

Absurda é essa que te move 

E angustia e inquieta 

A quem fica no porto 

Como que incrédulo chora 

E não quer te dizer adeus?


Não poderás fugir de ti mesmo 

Para sempre, 

Porquanto 

Aprisionado dentro de si, 

Jamais encontrarás 

A tua liberdade

Onde quer que estejas.


Não posso perscrutar tua alma,

Por vezes, selada,

A não ser que me permitas;

 

Somente tu podes dizê-lo, 

Apenas tu podes fazê-lo. 

Não tenho as chaves 

De tua eterna solidão.


Paulo Rebelo, o médico poeta.

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