O ORÁCULO

O ORÁCULO


Eu já vivi 

Cento e cinquenta anos 

Na face da terra 

E até deixar esse mundo 

Terei vivido outros cem.

Já vi de tudo o que Deus 

E o diabo tinham 

Para mostrar.


Não, não sou adivinho

Nem semideus,

Creia-me.

Não é nenhum delírio

Nem devaneio meu.

Não é soberba.


É que teu destino,

Antes de estar 

Escrito nas estrelas,

Está escrito nas tuas mãos,

Na tua pele, 

No teu cenho, 

Nas arrítmicas batidas 

De teu coração.


É nesse espaço sagrado, 

Misto de oráculo 

E confessionário, 

O consultório médico, 

Que pessoas 

De todas as idades, sexo, 

Raças e etnias, 

Credos e ideologias 

Vem em busca 

De alívio e cura 

De seu sofrimento, 

Como quem busca 

O oásis no meio do deserto, 

Já quase sem esperanças,

Entregues,

À beira do desespero,

Completamente despidos 

De conceitos e preconceitos 

Diante da invalidez Permanente, 

Da incurabilidade 

Das doenças 

E da morte inexorável

E nessa hora,

Eu testemunhei,

Todos os homens são iguais

Perante o destino!


Pela primeira vez, 

Se perguntam: 


"por que meu DEUS?"


Paulo Rebelo, o médico poeta.

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