MÃEZINHA

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MÃEZINHA,

Eu já estava dentro de ti há muito tempo e tu mal o sabias. Já estava escrito nos céus.

Já eras mãe quando, institivamente, sem desconfiar, sob as bênçãos de DEUS, sonhavas em ser mãe. Brincavas com tua casinha de bonecas e bonecos, fazendo minha papinha faz-de-conta na tua cozinha colorida, cheia de panelas, talheres, panelas, fogão e geladeira de plásticos, imaginariamente, tão real e lá estava eu ninhado por ti.

Durante nove meses, agasalhaste-me, me alimentaste e me fizeste adormecer seguro no teu interior aquecido, tranquilo e satisfeito.

Acordava diariamente contente no teu ventre, acariciado por ti e pulava feliz, quando falavas comigo, anunciando a todos a minha breve chegada.

E quando nas tuas longas noites de solidão, temias por nossas vidas e receavas as tuas dores de parto, lá estava meu coraçãozinho batendo firme e forte para te acalmar.

Assim, ao nascer, abri meus olhinhos ávidos à tua procura e ao te ver, me tomaste em tuas mãos angelicais e, finalmente,  abraçados, tomados de intensa emoção e alegria, choramos juntos. Esse é nosso inestimável laço de amor divinal. Éramos nós dois o que unidos tanto sonhávamos. Nascemos um para o outro; somos eternamente um do outro!

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Paulo Rebelo, o médico poeta.