A GALOPE
A GALOPE
(Em busca da razão)
Por Paulo Rebelo
ANTE PRÓLOGO
(a frase de
advertência para a obra)
A minha
breve obra literária constitui-se de um conjunto de textos, em sua maioria, traduzindo
uma linha existencialista.
São frutos
de ricas vivências pessoais e, sobretudo, profissionais que me enriquecem
diariamente.
Os textos são repletos de cenários idílicos, por
vezes, dramáticos, povoados de aventuras e escapismos do autor em meio à dor e
esperança, o uso abundante de figuras de linguagem como metáforas, que dão um
grande sentido poético aos temas.
Em síntese,
em larga medida, pode-se inferir que a obra tem um intrínseco cunho
autobiográfico, cujo título do livro reflete a busca do homem para o sentido
maior da vida que, muitas vezes, lhe foge à compreensão.
Paulo Rebelo, o autor.
AS MINHAS
RAZÕES PARA ESCREVER
(a gota d´água)
Em verdade, há muitos anos eu já escrevia,
mas eram apenas rascunhos de curiosidades do consultório, aparentemente sem
nexo entre si e que estavam guardados nas gavetas ou entre as páginas de meus
livros médicos. Alguns escritos eram simplesmente ideias fragmentadas na minha
cabeça.
Após criar uma linha coerente de
pensamento que traduzisse traços pessoais e estilo próprio meus, decidi que
precisava expor minhas experiências de vida, revisitando-os enquanto escrevia,
pois especialmente, na prática médica, atendendo tanta gente e experimentando
de perto tanto sofrimento humano e confrontar com a minha própria existência, é
impossível não desenvolver empatia pelo outro.
“Assistindo a tanta dor no mundo,
tornei-me a própria do dor”.
Ao iniciar-me vida profissional,
diante da evidência da morte inexorável, da incurabilidade das doenças e da
invalidez permanente, no início, eu tinha certa dificuldade em abordar o
assunto com o paciente e seus familiares. Por exemplo: como dizer para ele que
a sua morte era inevitável? Como dizer a essa pessoa que a sua doença não tinha
mais cura, a chamada “fora de possibilidade terapêutica”? O que lhe dizer
diante da invalidez permanente com séria limitação para a sua vida plena? E
quanto à terminalidade? Enfim, se estivesse em seu lugar, como eu gostaria de
receber tais notícias? E, será mesmo que gostaria de recebê-las? Como eu
reagiria?
O meu próprio medo passou a ser razão
para escrever.
Assim, o aparecimento de vários casos
clínicos difíceis foi moldando o meu discurso médico que foi evoluindo diante
da complexidade das questões da vida e morte. Acima de tudo me ensinaram a ter
humildade e equilíbrio diante da fatalidade e desenvolver empatia por aquele
que sofre, pois muitas vezes me senti completamente impotente e a medicina não
pôde me responder sobre as aflições de minha alma. Dessa forma, nos meus textos
foi inevitável não falar de existencialismo.
De um modo geral, alguns textos são
profundamente reflexivos. São ricos em uma narrativa surreal, traduzindo a
riqueza da vida e minha dificuldade em explicá-las, senão a através da leveza
da poesia e poemas, aliviando o peso que exercem sobre mim.
Curiosamente, a minha angústia é comum
à maioria dos seres humanos e meus textos conseguem traduzir o que sentem.
Então, acabei por distribuir os
assuntos de meus textos para as categorias a seguir:
AS DORES DA ALMA
AS DORES DO CORPO
AS DORES DO MUNDO
AS DORES DA ALMA são as dores do
próprio autor. Traduzem a inquietude da minha alma. Essa foi a primeira e maior
razão para escrever. É a maneira como eu vejo, sinto o mundo ao meu redor e
reajo. É um momento de profunda reflexão quando ao passar por um instante de
sofrimento pessoal, da dor eu liberto, por fim.
AS DORES DO CORPO revelam como o autor
lida com os fenômenos da morte e invalidez e encara a relação médico-paciente,
que deve ser buscada e fortalecida para que haja sucesso terapêutico e, sobretudo,
a partir da compreensão disso, seu próprio crescimento como ser humano.
AS DORES DO MUNDO são as dores mais
distantes, porém presentes no cotidiano, vivenciadas por mim nos âmbitos local,
regional e mundial, como as constantes mudanças de comportamento da sociedade,
tendências, as doenças, desigualdades e injustiças sociais, portanto textos
“sociológicos”.
A segunda razão foi permitir com que
meus pacientes passassem a conhecer o homem Paulo Rebelo, muito além da figura
do médico. Gostaria que conhecessem o ser humano Paulo Rebelo. Creio que o
objetivo terá sido cumprido quando passarmos a conversar assuntos mais
aprazíveis, além de doenças, algo pesado para médicos e pacientes.
A terceira razão acabou sendo um
desdobramento natural das primeiras; a necessidade deixar um valioso registro
pessoal do homem e médico Paulo Rebelo na forma de legado para as pessoas que
amo.
Um abraço fraterno,
Paulo Rebelo
P.S. Todas as imagens que ilustram o
SITE amapaulo.com.br são de minha autoria.
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