O CURSO DE UM UM RIO
O CURSO DE UM RIO
(ou migalhas de tempo)
Por Paulo Rebelo
A vida é semelhante
Às águas de um rio,
Correndo inexoravelmente
Em direção ao mar.
Nado à montante,
Mas ela se encarrega
De me levar para lugares à jusante,
Onde de lá jamais sairei,
Pois serei sempre conteúdo,
Nunca continente.
Então, depois de muito lutar
Contra o destino,
Preso a ele,
Cansei; não só aceitei
A tirania da vida,
Mas me sujeito à ela.
Passei a viver com ela,
Naturalmente,
E passivamente, a vida inteira,
Mesmo dela me queixando,
Fechando os olhos
Para agruras.
Ainda há um pouco de energia
No fundo do poço,
Todavia já sem crédito na praça,
Caminho no escuro e pelo rumo,
Embalado por sonhos irreais, Vivendo de fragmentos
De memórias retrógradas
E de magra esperança no futuro,
À custa de pensamentos confusos
E uma torrente de sentimentos Contraditórios.
Ao final, restam-me apenas
Migalhas de tempo
Para alterar o curso do rio...
Paulo Rebelo, médico poeta.
P.S Inspirado em trecho do filme NOMADLAND (EUA), OSCAR 2021 de melhor filme, roteiro e atriz, em torno da vida miserável de uma desempregada e pobre, vivendo em um trailer no meio oeste americano após a crise financeira mundial de dezembro de 2008.
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O CURSO DE UM RIO
(ou migalhas de tempo)
Por Paulo Rebelo
A vida é semelhante
Às águas de um rio,
Caminhando inexoravelmente
Em direção ao mar.
Dou infrutiferas braçadas
À montante,
Mas ela se encarrega
De me levar para lugares distantes,
Onde de lá jamais sairei,
Pois serei sempre conteúdo,
Nunca continente.
Então, depois de muito lutar
Contra o destino,
Preso a ele,
Cansei; não só aceitei
A tirania da vida,
Mas me sujeito à ela.
Passei a viver com ela,
Naturalmente,
E passivamente, a vida inteira,
Mesmo dela queixando,
Fechando os olhos
Para os problemas.
Busco energia no fundo do poço,
Já sem crédito com Deus,
Caminhando no escuro e pelo rumo,
Embalado por sonhos irreais, Vivendo de fragmentos
De amores passados
E de magra esperança
No futuro,
À custa de pensamentos confusos
E uma torrente de sentimentos Contraditórios.
Ao final, restam-me apenas
Migalhas de tempo
Para alterar o curso do rio...
Paulo Rebelo, médico poeta.
P.S Inspirado em trecho do filme NOMADLAND.
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