A GLOBO, O POBRE E O PROGRESSISTA

A GLOBO, O POBRE E O PROGRESSISTA

Por Paulo Rebelo 


A GLOBO não gostava do pobre até precisar dele para não perder mais audiência para as igrejas neopentecostais e redes sociais, pois a classe média, antes cativa, debandou-se dela. Pobre só aparecia na dramaturgia como empregada doméstica, balconista, manicure, mecânico, pedreiro e taxista. 

Até o final da década de 90, os cenários e a atmosfera da sociedade brasileira mostrados nas telenovelas das oito eram filmados nos bairros de Copacabana e Ipanema, no Rio de Janeiro e nas suntuosas mansões do Morumbi e escritórios chiques da Faria Lima, cujos protagonistas eram sempre brancos das classes média e alta belas atrizes e atores, cujos temas giravam em torno de suas tretas amorosas e pessoais. O pobre e o preto eram apenas figurantes; só apareciam mesmo como empregada doméstica, balconista, manicure, mecânico, pedreiro e taxista. De fato, isso não era a realidade brasileira. Havia um mundo que o Brasil não queria ver e se envergonhava dele: a pobreza.

Aí, sem que percebêssemos, veio a avassaladora onda progressista mundial, oriunda do Primeiro Mundo, concebida por acadêmicos, celebridades e intelectuais de esquerda, querendo consertar o mundo, exibindo patética e desconcertante MEA CULPA pelos males perpetrados por seus países, e "cansados de tanta injustiça" para com os "excluídos e minorias" mundo afora, busca se redimir de seus pecados colonialistas; colocou-os como protagonistas, para lhes fazer igualdade e justiça social de cima para baixo e de fora para dentro, goela abaixo, portanto, resgate de sua dignidade, através de sua extensa e, por vezes, ambígua agenda social, pernóstica e demagógica: a agenda WOKE (ou da lacração). Vendeu isso para o Brasil, acostumado a comprar mercadoria de segunda, pois a realidade do Primeiro Mundo é bem diferente da nossa.

Acompanhando essa tendência mundial, a Globo, então, criou uma ampla programação voltada a esse público desassistido e abandonado pelo Estado. O ambiente escolhido foram as favelas e periferias brasileiras. Surgiram o "ESQUENTA", cujo modelo era sobre assuntos das comunidades, eufemismo de favelas, a novela "PARAISÓPOLIS", a maior favela de São Paulo, encravada em meio bairro afluente da cidade, "A FORÇA DO QUERER", com a nefasta protagonista Bibi Perigosa (a clara mensagem da telenovela era: a sociedade precisa ser compreensível com o marginal, pois ele é uma vítima), MR. BRAU, o casal pobre, preto e favelado que deu certo na vida e etc, tudo para mostrar que o pobre, também, "é gente como a gente" e até melhor que o branco, desde que lhe sejam dadas oportunidades de crescimento pessoal, a começar acabando com a meritocracia, obstáculo para o pobre. E quem lhe daria essa chance? Ora, a Rede Globo, a segunda maior emissora de telecomunicações do mundo, atingindo quase 100% do território nacional, encabeçando essa virada na sociedade brasileira, coincidindo com a ascensão da esquerda no poder. Outrora chamada de GLOBOLIXO e GLOBOXTA por ela, tornou-se sua aliada.

Destarte, se o Brasil não melhora, de fato, alimentando o ego de nossa "burguesia socialista", dita "consciente", eleitora de Lula, autointitulada humanista e humanitária, imaginando praticar o bem sendo paternalista e condescendente, relativizando os erros e defeitos das minorias e excluidos para não mais ofendê-los, a GLOBO passou um verniz de beleza e romantização nas favelas para dar a impressão ao mundo de que o Brasil está melhor, mais justo, esperançoso e confiante em tempos de Lula, que ela ajudou a eleger, ainda que até agora esteja o povo aguardando pela "picanha com cervejinha" ao som do FUNK (literalmente, o chorume das favelas) ao som de Anitta, a mais lídima representante intelectual das quebradas, que veio lhes dar a esperança de que um dia farão parte de uma classe média brasileira socialista pura, livre dos pecados da burguesia. 

Paulo Rebelo, médico.


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