KLEZER PAIVA
ADEUS, MEU AMIGO!
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Ao longo de quatro décadas de atividade médica já atendi milhares de pessoas, e alguns pacientes passaram indeléveis por minha vida, marcando-me profundamente, fazendo-me refletir sobre a minha própria existência. KLEZER ANTONIO TENÓRIO PAIVA, o Klezer foi uma dessas pessoas inestimáveis.
De paciente comum, portador de inúmeras co-morbidades, entre elas a doença cardíaca sob rigoroso controle médico regularmente, sobreveio uma sólida amizade pessoal. Tínhamos algumas coisas em comum: o gosto pela língua inglesa e a arte poética.
Desde então, lutávamos juntos para que, a despeito de seus sérios problemas de saúde, ele tivesse uma vida salutar, que o fizesse sentir que valia à pena viver intensamente, mas sem exageros. Estava realizado na vida pessoal, apaixonado pela família e muito produtivo na literatura com uma vida bem próxima do normal; trabalhando no que gostava, viajavando muito; escrevia seus poemas de amor, publicou livros e, sobretudo, feliz por ver os filhos bem encaminhados.
Uma vez me perguntou se um dia eu escreveria sobre ele. Disse que, provavelmente, sim. Guardarei na lembrança e imagem de um dos mais queridos e inesquecíveis pacientes meus, sobretudo, quando gargalhava por eu apelida-lo de "o renegado", "o "insubmisso, "um rebelde desde a vida intrauterina". Ele vivia me lembrando disso: "como é que tu me chamas mesmo, Paulo?" Dizia, "tu és um paciente de altíssima periculosidade!" E aí, ele caia na gargalhada.
A intimidade de velhos amigos me permitia dizer em tom de brincadeira, que eu iria mandar prendê-lo por desacato à autoridade médica, "mandando-o para um presídio de segurança máxima".
Assim, ao vê-lo partir na data de hoje, com o coração compungido, choro a perda de um grande amigo, com o qual tive o privilégio de ser seu amigo e médico, cuja vida foi intensa e profícua, deixando-nos o exemplo de um grande ser humano.
Adeus, meu amigo! Até breve!
Paulo Rebelo, médico-poeta.
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