LEFTIST: STAY HOME!

LEFTIST: STAY HOME!

Por Paulo Rebelo 


O démodè mantra anti-americano do século XX - "YANKIES, GO HOME", agora parafraseado, deveria ser: "LEFTIST, STAY HOME", isto é, "senhor esquerdista, não venha para os Estados Unidos; fique no seu país! Aqui não é bem-vindo."


Particularmente, aplaudi a decisão do governo dos EUA que vai apertar o cerco quanto à emissão e rever milhões de vistos já concedidos, inclusive, turismo de nascimento, checando antecedentes do indivíduo nas redes sociais. Pode parecer estranho eu, democrata, apoiar algo aparentemente injusto e desumano. O propósito é impedir e banir aquele esquerdista, o "burguês socialista", de levar vantagens, que tem um discurso anti-imperialista, mas, pasme, vai passear ou passar as férias em Miami ou Nova Iorque ou ainda estudar nas renomadas universidades americanas, enquanto defende o HAMAS. Através do serviço de inteligência, os EUA vão vasculhar suas redes sociais em busca textos e imagens, que o auto denunciem. A coisa mais divertida é assistir a turma da lacração apagando as manifestações anti-imperialistas nas suas redes sociais. A ordem é acabar com o hipócrita, que não será mais recebido naquele país. Apoio integralmente esse ato.


A razão de minha defesa parte da visão positiva que tenho dos EUA. Ela começou aos quatorze anos, quando fui contemplado com uma bolsa de estudos integral para lá concluir o ensino secundário, e fui morar com uma família americana, os Mastenbrooks, em New Caledonia, Michigan, em 1975. Acolhido por todos sempre fui muito bem tratado da família à escola, passando por toda a pequena comunidade local. Nunca fui vítima de racismo nem etnofobia. Foi lá que decidi que seria médico. Então, devo aos EUA o que sou e quem eu sou. Quem diria: a partir daí, acabei casando com médica e temos todos os cinco filhos na área médica. Esse é o legado dos EUA para mim e consequentemente, para o mundo como cidadão.


Assim ao contrário dos que tiveram ou terão seus vistos negados ou cancelados, nunca cuspi no prato em que como, tampouco, sou lambe-botas ou oportunista como essa gente progressista privilegiada.


Sem dúvida no curso da história o governo dos EUA cometeu inúmeros erros políticos, como interferência em assuntos internos de outros países, em especial, na América Latina, assolada por comunistas e ditadores, todavia isso é passado e não deveria permear nas discussões atuais, pois é injusto diante do que os EUA deram e continuam ao mundo. São o farol. Por essa razão, atraem tantos visitantes, estudantes, acadêmicos e professores, migrantes legais e ilegais. Além disso, todo mundo quer fazer negócio com os EUA, pois são confiáveis (o grau de investimento dos EUA é triple A; o Brasil ainda não possui o grau de investimento. As principais agências de classificação de risco avaliam o Brasil em níveis de "grau especulativo". Essas notas indicam que o país está a dois e um degrau de distância, respectivamente, do "selo de bom pagador"); recebe em divisa forte, o dólar americano, padrão do comércio internacional desde 1944, estabelecido na Conferência de Breton Woods, moeda essa que Lula questiona, buscando insistentemente uma "alternativa ao dólar", sendo visto com indiferença. Nem o Mercado Comum Europeu, China, Rússia, Coreia do Sul nem Japão ousa cogitar essa “alternativa”.


Os EUA são a democracia mais antiga do planeta e a mais sólida, sendo a base e exemplo para o mundo todo nas artes, letras, cinema, entretenimento e ciências, irradiando conhecimento e criando riqueza e progresso mundiais, e assim continuarão ao longo do século XXI.


Paulo Rebelo, médico escritor e poeta.

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