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Mostrando postagens de novembro, 2020

A ENCRUZILHADA

A ENCRUZILHADA Por Paulo Rebelo Uma parte de mim Existe, Outra parte inexiste. Uma parte deseja calar-se, Outra parte quer gritar. Uma parte quer desistir, Outra parte quer lutar. Uma parte de mim quer ficar, Outra parte quer partir. Uma parte de mim parece estar acorrentada. Outra parte livre, desenfreada. Uma parte de mim é pura alegria, Outra parte,  Só tristeza. Uma parte de mim pensa, Outra parte alucina. Uma parte de mim finge, Outra parte escandaliza. Uma parte de mim é valente, Outra parte, o anti-herói. Uma parte de mim é um mundo, Outra parte, parece estar mergulhada em um submundo. Assim sou eu: Uma encruzilhada. Paulo Rebelo, o médico poeta. P.S. O texto foi inspirado no poema de Ferreira Gullar-A ARTE.

A MEMÓRIA

A MEMÓRIA Poema de Paulo Rebelo A memória  É um tempo  Paralelo. É um relógio  Que não marca hora, Marca sentimentos. É um doce  Filme  De ter tido  Ou de ter perdido algo. Por certo, Pode a qualquer hora Ser assistido. Nela há um banco De imagens, Minhas vitórias, De pessoas  Mais queridas, Eternos amigos Ou daqueles Que teriam sido Inimigos, De meu tempo de criança, De travessuras, Das juvenis andanças. Muitos, hoje, Ainda que mortos, Para sua honra, Estão bem vivos, Na minha memória. Lá estão arquivadas Minhas alegrias, Todavia, também,  Minhas grandes feridas, Minhas derrotas. Ah! Mesmo assim Que bom Que ela exista. O que seria de mim Sem minhas preciosas Lembranças? Pois, como esquecer  Do mal para evitar Que de novo Me ocorra Ou do bem para sempre desejar que com ele me envolva? Se quero ficar alegre E para lá  Que eu corro. Se estou triste, Saberás que É de lá de onde venho. Se tenho dor, É lá meu refúgio Se estou solitário, É lá ...

A SOLIDÃO

A SOLIDÃO Texto de Paulo Rebelo Aonde vais? E por que a pressa Desde já imersa  Numa ausência atroz? No fundo de tua alma, O que sentes além da sêde  Por liberdade e justiça? O que o mundo te fez  Ou não te entregou  Para que em silêncio  Em busca de ti próprio partas  Ao infinito e ao desconhecido? O que te falta aqui  Ou dentro de ti? Que urgência e necessidade  Absurda é essa que te move  E angustia e inquieta  A quem fica no porto  Como que incrédulo chora  E não quer te dizer adeus? Não poderás fugir de ti mesmo  Para sempre,  Porquanto  Aprisionado dentro de si,  Jamais encontrarás  A tua liberdade Onde quer que estejas. Não posso perscrutar tua alma, Por vezes, selada, A não ser que me permitas;   Somente tu podes dizê-lo,  Apenas tu podes fazê-lo.  Não tenho as chaves  De tua eterna solidão. Paulo Rebelo, o médico poeta.

A FUGA

A FUGA Por Paulo Rebelo Acontece que ao buscar isolamento Em algum lugar  Distante, À procura de refúgio No fundo,  O homem parece fugir de si mesmo, Para livrar-se dessa angústia inefável Que o encarcera. No fundo, É a solitude  Dentro de solidão mais Profunda  Que sua alma  Não consegue preencher Nem decifrar...   Paulo Rebelo, o médico poeta