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Mostrando postagens de maio, 2021

IRREMEDIÁVEL

IRREMEDIÁVEL Nem no mais profundo Recôndito de minha alma  Encontro a paz,  Quando fugindo dos tormentos  Desse mundo,  Vagando, Busco refúgio;  Irrediavelmente, É lá onde trava-se  Interminável, A maior das guerras  Sem trégua  Entre o bem e o mal. Paulo Rebelo, o existencialista.

O MÉDICO

ACERCA DO POEMA "O MÉDICO" (Ou súplica) Por Paulo Rebelo O médico, ser humano exausto de tantas guerras para salvar incontáveis vidas ou aliviar o sofrimento humano, à beira da loucura, num estado quase onírico, busca entender o que está lhe ocorrendo diante da tragédia das centenas de mortes que assistiu e já quase sem forças, indaga seu paciente lhe pedindo ajuda para sobreviver e que possa continuar a lutar bravamente, uma vez que este sempre foi tratado pelo médico, quando o doente dele mais precisou. O MÉDICO  Quem és tu? Minha secretária? Minha mulher? Um paciente? Perdoe-me Nunca sei... Onde estamos? Que dia é hoje? Segunda? Terça? Quarta  Ou domingo? Bem, o que importa? Trabalhar pela vida humana  É meu destino... Afinal, onde estou mesmo?  Em casa ou  No trabalho? Vivo ou morto? É muito estranho É tarde! Meu café esfriou... É um sonho? Pois, eu durmo Profundamente. Isso me tão faz bem. Há quantos dias exatamente? O que se passa,  Não consigo, Mas c...

MEMÓRIAS

MEMÓRIAS Por Paulo Rebelo De onde Vem minha vida? De indeléveis memórias Construídas. Algumas tão  Intensamente vividas, Outras tão sutis... Imagens que foram  Se fazendo E se desfazendo, Se empilhando Pouco a pouco Pesando sobre  Os meus ombros, Vergando o meu corpo. E se misturando, Foram se derramando Nas entranhas de minha alma. Abriram caminho Dentro de mim Para uma grande  Colcha de retalhos, Quando tudo  Não era mais do que  Um grande quebra-cabeça. Paulo Rebelo, o médico poeta.

O ESCRITOR

O ESCRITOR Paulo Rebelo  Acostumei-me  A escrever. É um traço desde menino. Creio que seja  Uma característica dos tímidos  E introvertidos, Nos momentos De incertezas, De dúvidas Tormentos. A arte literária  É o tratamento, O efetivo controle. Não há cura, Mas antídoto. Com a caneta me liberto, Sou capaz de transformar  O mundo, Me torno irreverente, Aventureiro, Capaz de fazer rir E chorar, Indômito, Valente. Escrevo como Quem pinta uma tela abstrata, Mas nela o significado  Da alma fugidía E inexata. Portanto, Preciso escrever  Para colocar Ordem na casa. É quase uma mania, É minha catarse, Uma alegoria. Uns bebem, Outros fumam, Alguns lêem  Um livro, Uns fazem jogging, Eu apenas escrevo. É que quando escrevo Sou com a garrafa De um náufrago Levado pelas correntes  Marinhas Esperando ser encontrado Por andorinhas. Talvez,  Seja uma justificativa. Melhor mesmo Se me escutassem. Acontece quando Não tenho para quem apelar. Quero fal...

A TEIA

 A TEIA A vida se assemelha  A uma teia de aranha; Às vezes, um labirinto, Uma cama de gato, Outras vezes, Um beco sem saída. Todavia, Há sempre uma luz  No fim do túnel, A crença, Como um oásis  No meio do deserto. Porquanto, A vida parece um fardo; É andar com fome, Frio e sede À procura de um abrigo. Nem todos são felizardos. É como andar Na corda bamba, Sobre o trapézio, Agarrado ao andaime, Andar no escuro, Na areia movediça. Há lugar seguro? Não há lanterna  Que a guie, Mapa que indique  O caminho Nem bússola  Para apontar a direção. Há, sim, fogo fátuo, Muita ilusão. É como estar no mato Sem cachorro, Nu, Desamparado, Com medo, Envergonhado. Assim, A caminhada é longa  E solitária. Por sorte, Resta a esperança, Prevalece os cinco sentidos E, como reforço, O sexto E, acima disso, Como milagre, Deus,  A rede de segurança. Paulo Rebelo, o médico poeta.

UM MUNDO CRUEL

UM MUNDO CRUEL Por Paulo Rebelo Ando com bronca  Do mundo. Não é qualquer mundo. Falo do mundo do avesso,  Que está de ponta-cabeça,  Aquele da imagem em espelho. Falo desse mundo Violento, Do faz-de-conta, De ilusões, O que me assusta, Que me causa insônia, Vertigens E indigestão. Um mundo Que não entendo, Que me faz parecer  Ingênuo e ignorante, Qualquer que seja  O ângulo de visão, O ponto de vista,  O tradutor on-line,  O telescópio Humboldt  Ou o microscópio eletrônico,  Quando tudo parece  Desfocado e surreal.  Faço forças para  Não cair da corda bamba. Sinto-me tomado  Pelo espanto, Incredulidade,  Intolerância, Bestialidade  E pela minha  Desonestidade Intelectual Ao buscar em vão, Do mundo, Uma explicação, Quiçá solução! Após me digladiar  Com ele, Desisto. Abúlico, Sou vencido pelo cansaço. Abro uma garrafa  De vinho tinto. Escuto algumas canções  Preferidas da MPB. Lá pelas tantas,...

A INSATISFACÃO

A INSATISFAÇÃO Por Paulo Rebelo Ah! Essa inquietude  Ainda há de me matar um dia. É uma ebulição  Que me coze aos poucos, Um “esfriviamento”, Uma comichão Que não acaba nunca, Uma eterna insatisfação. Pois estou sempre com fome  E a camisa, de tão apertada, Nunca me cai bem.  Nunca estou pronto;  Sempre me falta um pedaço, Uma incompletude, Um estado perene De inacabamento  De minha alma,  Que parece querer estar  Em todo lugar,  Mas não de estar  Em lugar nenhum. Se estou aqui,  tenho que ir embora,  Se estou lá,  É uma "cuíra", Tenho que voltar; Ficar? Nunca;  Agitar é minha sina,  Quando, muitas vezes,  Desejei apenas o silêncio  E sossegar. Assim sou eu: Um vazio a ser preenchido, Um tempo a ser consumido. Paulo Rebelo, o médico poeta. Na imagem, SÍSIFO, cuja sina é carregar a pedra ao topo da montanha.

ALMA INDOMÁVEL

ALMA FUGIDÍA Alguém precisa pensar  Loucuras, Bobagens E até mesmo porcarias, Desenhar garatujas. Às vezes, ocorre comigo, Porém é algo frusto. Chega a ser frustrante. É momentâneo E passageiro, Não vai adiante. Quisera que fosse sempre Os laivos de genialidade. Talvez, fosse eu diferente Mais puro E inocente. Porém, inteligente, Mais ousado E confiável, Coerente. Seria uma criança sem medo E sem covardia. O universo seria outro, Repleto de odisseias E alegria. Não é perda de tempo Imaginar coisas;  É ócio criativo.  Há certas elisões perigosas  Da alma fugidia Que são boas, Que nos liberta da rotina, Da indiferença  Da cega crendice. Que frequentemente  Flerta com o perigo E com o pecado. Almas brincam com o fogo. Isso é inevitavel; É sua sina. São indômitas. Por isso são pilotos de prova humanidade;  Por isso são tidos  Como excêntricos, Esquisitos, Insanos, Mas nunca sem caráter  Ou desumanos. Vão aonde ninguém quer ir Nem ouse fazer. São ...

A FONTE

A FONTE Ah, Deus! Por que tinha que ser assim, Extrair de minha alma bruta  A dor tamanha  Até que escorra  O néctar da felicidade pura? E, quantas vidas terei que viver, Quantas vezes em vida morrei E ressucitarei, Quantas desilusões sofrerei  Até que minha alma  Esteja depurada,  Coada de impurezas, cristalina  Como água das montanhas, Livres das atrozes incertezas? Por que essa fome de amor  E conhecimento é maior  Do que a própria fome  E sede que me consomem, Cuja fonte nunca me satisfaz? A vida... Por que esse fruto tão doce É tão amargo? Paulo Rebelo, o médico poeta.

FARÓIS

FARÓIS Ah, a curiosa beleza Da existência Está em sentir que amigos,  Passados muitos anos,  Mesmo na distância, Ainda que imagens Pálidas e desbotadas  Pelo tempo,  Continuam sendo  Uma referência  Em nossas vidas Pelas densas memórias construídas E daí,  A esperança renovada De um dia o reencontro Como se fossem O barco guiado Por faróis marítimos  Tremeluzindo à noite  Na linha do horizonte. Paulo Rebelo, o médico poeta.

A INEXISTÊNCIA DO TEMPO

  A INEXISTÊNCIA DO TEMPO Amanhece... Após uma sucessão De segundos No TIC TAC Do relógio Que batiam insistentemente À minha porta. No fundo, Aglomerando-se Lá fora, Tropeçaram sobre si Mesmos, Fazendo coro, Causando-me Ansiedade de estar Acordado, Vendo desfilarem À minha frente Diante de meus olhos passivos, Quando não sei mais Se é sonho ou realidade Mas já cronicamente Atrasado... Quisera congelar O tempo, Mas sou empurrado Adiante numa avalanche ¹De necessidades E desejos acumulados. Ah! Essa angústia Do que há por vir, Do trabalho de ontem Não realizado, Por tê-lo feito pela metade Ou mal feito é tão surreal Que me faz reviver Sofregamente Horas do passado E correr para adiantar Os ponteiros do relógio Do meu quarto, Onde é lá me sinto Mais seguro E dar um salto Já para o futuro, Pois por que sofrer Hora após hora? Talvez, lá não haja Nada disso; Tudo é distorção Da mente, compreendendo, Enfim, que o tempo E dor são exatamente iguais: Ambos passam! Paulo Rebelo, o médico poet...

MÃE

 🖊🖊🖊 Às mulheres mais importantes em nossas vidas: minha esposa e a minha mãe. MÃE,  🌹🌹🌹6 eu te entendo; não te cobres tanto. É quase desumano. Por isso, mães sofrem tanto além da medida por carregar no peito uma lista interminável de obrigações que acreditam que DEUS lhes impôs, imaginando assim que estão sempre atrasadas e que poderiam fazer melhor. Não é nada disso, creia-me.  Basta amar teus filhos-as como o fazes dia após dia e eles/as se encarregarão de mostrar ao mundo que tu és única.  Dirão que és onisciente, onipresente, onipotente em sua vida e, ainda que no fundo saibas que não é nada disso, para eles-as, o que importa é que és e tu serás a MULHER MARAVILHA em carne osso com a qual eles/as poderão contar sempre;  a mais humana das criaturas que DEUS criou na face da terra! FELIZ DIA DAS MÃES!!! ❤❤❤ Paulo Rebelo, o médico poeta.

Acerca do poema A FUGA

O poema "A FUGA" é essencialmente existencial, todavia enriquecido de surrealismo. Eu o escrevi nessa madrugada, profundamente, tocado pela morte de centenas de milhares de pessoas durante a COVID-19, algumas delas conhecidas ou muito próximas de mim. O poema gira em torno da frágil e confusa condição humana. A morte passou a questionar minha própria vida. Paulo Rebelo

A FUGA

A FUGA Por Paulo Rebelo  Eu fugi, Não nego. E muitas vezes, Chorei como criança  Desamparada, Órfã.  Não tendo um lugar Na terra Para onde ir. Pedi ajuda  Que caía no silêncio. Desisti. Não era uma fuga Como outra qualquer; Era uma fuga diferente; Fugia de mim mesmo. Já sentiste isso? Sumir de si? Estranho recomeço. No início tive medo, sim. Visto que  Esse auto degredo  É um esconderijo  Que acomoda,  Todavia isola, O flagelado. Então, reflexo das dúvidas... E eram tantas  E de toda sorte acumuladas Ao longo de toda Uma existência, Junto com incertezas  E, fatalmente,  Tornei-me a própria  Insegurança ambulante,  Do tipo paralisante, Que provoca insônia, Anorexia,  Agitação e abulia; O medo de errar, Falhar, Frustrar-me de novo, Me desapontar, Me desiludir com o amor, Ou ainda, Morrer em vão; No obituário do jornal  Na manhã seguinte,  Meu nome: "Aqui jaz um homem que não cumpriu nem metade do que poderia t...

A FOLHA

A FOLHA Por Paulo Rebelo Ah! Essa eterna angústia, Atroz sofreguidão  Da alma. Ela sabe que o tempo  Corre contra si. Aí busca correr mais  Célere do que a vida. Procurar viver  O que nunca viveu Uma sede  Que não passa nunca. Sobrevém a incerteza,  A insegurança,  Cuja única certeza  É que nada é perene,  Tudo é incerto, Tão obscuro. Então, à distância o próprio  Homem se vê como uma folha  Desprendida do galho  Da árvore,  Levada pelo vento para longe Para se dar conta  Da frugalidade, Ao lado da fragilidade  Da vida. Paulo Rebelo, o médico poeta.

A CAVALGADA

A CAVALGADA A vida,  Estranha  E maravilhosa companhia. Queixo-me dela Mas sem ela Não há paz, Não há razão  De existir, Só há tristeza E melancolia Que brota em mim. Pois, se a galope Em busca da razão,  Cego eu sigo adiante, Aqui na terra Jamais a encontrarei; Eis que aqui só há guerras, Doenças, Angústias E veleidades. Todavia,  Em algum lugar, Jaz dentro de mim A esperança. Assim, não há religiosidade, Espiritismo, Livros de auto ajuda, Esoterismo  Nem misticismo Na minha Cavalgada, Como se fosse uma receita, Um prato feito Às pressas a ser deglutido, Apenas a espiritualidade A ser encontrada Nessa breve e intensa vida Tresloucada Durante a minha Longa e solitária caminhada. Paulo Rebelo, o médico poeta.

O ATEU

O ATEU (Um vez ateu nem sempre ateu) Crônica por Paulo Rebelo Há alguns anos conheci um homem educado, inteligente, culto e humanista. Tínhamos muitas coisas em comum; a literatura ocidental, história mundial e línguas estrangeiras. Mas, nem tudo era perfeito; era esquerdista de carteirinha, ATEU e ainda por cima, ferrenho advogado da luta pela igualdade racial. Havia um tácito acordo de cavalheiros entre nós; não tocar nessas sensíveis questões. Com o surgimento da pandemia da COVID-19 no AP, ele seguia as orientações sanitárias, haja vista ser obeso, hipertenso e diabético. Morria de medo do vírus. O motivo de sua ida ao consultório era rotina, porém sobretudo, cuidar de sua saúde física e mental. Chamava atenção  en passant o fato de não professar nenhuma fé religiosa nem espiritual. Não que eu seja um exemplo. A maioria consegue viver inconscientemente sem DEUS ou este só é lembrado em ocasiões formais. Acontece que a vida vive nos pregando peças; é como se fosse um chamamento ...

A CULPA É MINHA

  A CULPA É MINHA Crônica de Paulo Rebelo     A COVID-19 segue firme fazendo vítimas. Não há mais ninguém que não tenha sido direta ou indiretamente envolvido pelo SARS COV2 ou o NOVO CORONAVÍRUS. Antes da COVID-19, para cada dez pacientes, eu prescrevia 2-3 medicamentos "Tarja Preta", hoje, são dez ou mais. Uma consulta que era de 15-20 minutos, agora é o dobro. E, não tem sido fácil convencer o público de que o ele que sente, não é outra coisa a não ser complicações do vírus ou transtornos mentais. E quem é esse novo público? São os sequelados física e emocionalmente da COVID-19. As complicações são variadas (e longa) e às vezes, podem ser complexas como AVC, Infarto, miocardite, arritmias, anemia, indisposição, fraqueza e fadiga crônicas, dores articulares e musculares, transtornos de ansiedade e de pânico, depressão psicoses e muitas outras. Um dos casos que me deu trabalho recentemente passo a relatar a seguir. Uma senhora na casa dos 45 anos apresent...