A TEIA A vida se assemelha A uma teia de aranha; Às vezes, um labirinto, Uma cama de gato, Outras vezes, Um beco sem saída. Todavia, Há sempre uma luz No fim do túnel, A crença, Como um oásis No meio do deserto. Porquanto, A vida parece um fardo; É andar com fome, Frio e sede À procura de um abrigo. Nem todos são felizardos. É como andar Na corda bamba, Sobre o trapézio, Agarrado ao andaime, Andar no escuro, Na areia movediça. Há lugar seguro? Não há lanterna Que a guie, Mapa que indique O caminho Nem bússola Para apontar a direção. Há, sim, fogo fátuo, Muita ilusão. É como estar no mato Sem cachorro, Nu, Desamparado, Com medo, Envergonhado. Assim, A caminhada é longa E solitária. Por sorte, Resta a esperança, Prevalece os cinco sentidos E, como reforço, O sexto E, acima disso, Como milagre, Deus, A rede de segurança. Paulo Rebelo, o médico poeta.