O PODER DAS PALAVRAS Por Paulo Rebelo Quisera escrevê-las Ou gritá-las Até doer a garganta, Assim seriam Espontaneas, Lá de cima, Bem de dentro, Livres, Sem travas, Sem amarras, Sem âncoras, Sem balizas, Sem nada, Sem medo de errar Ou desagradar. Ao menos Uma vez na vida, Sem nenhum propósito Nem motivo aparente, Despudoradas, Sem rumo, Fora da curva, Fora da estrada, Sem motorista, Desguiadas, Soltas ao vento, Fora do tempo, Cara limpa, Sem maquiagem. Mas sou eu o autor; O ator no palco Numa pantomima, Tudo é ensaiado, Cheio de regras, Onde nada dá certo, Cheio de improviso, Representando Um personagem Ou vários, Até o ponto de não mais saber Quem eu sou, Real ou imaginário, Apresentando uma peça, O protagonista de mim mesmo Declamando um script pronto, De máscaras. Paulo Rebelo, o médico poeta da Linha do Equador.