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Mostrando postagens de janeiro, 2021

PASSES

DANDO PASSES Por Paulo Rebelo  Acontece cada coisa curiosa no consultório. Algumas ficam na minha memória pela graça e leveza. Atendi há muito anos e durante quase duas décadas, uma negra, bonita, obesa, agradável, na casa dos 70 anos, hipertensa e diabética. Era uma pessoa disciplinada, mas chamava atenção o fato da pressão não controlar adequadamente, ainda que tomasse sua medicação e nada de extraordinário ocorresse em sua vida. Há muito evitava o sal, não fumava e não fazia uso de bebida alcoólica, exceto uma "latinha de cerveja", às vezes. Ultimamente, era sempre assim: geralmente, nos fins de semana, várias idas ao pronto atendimento quando, então, tomava injeções para baixar a pressão e poucos dias depois, lá estava ela novamente. "A senhora não está escondendo nada de mim? Eu não sei mais o que fazer", brinquei. "A medicação me parece correta e a senhora só piora depois do sábado e domingo? O que é que a senhora faz? É festa? Remédio para pressão é bom ...

PIXELS

PIXELS Texto por Paulo Rebelo  EXISTENCIALISMO Uma coleção De muitos seres estranhos Ocorre dentro de mim. No fundo, Só recortes. Apenas partes de mim. São como colcha  De retalhos… São pontos no escuro, Pixels dispersos no universo; Partes sensíveis Distantes entre si, Tentando desesperadamente  Se conectar… Paulo Rebelo, o médico poeta.

CORPO FECHADO

CORPO FECHADO Por Paulo Rebelo Eu tive inúmeros pacientes que me marcaram, quer pela bela personalidade, quer seja pela sua difícil condição médica. Tive alguns pelas duas coisas e quando isso acontece, é algo de grande aprendizado profissional e humano. Um desses pacientes, sempre alegre e piadista, num exame rotineiro cheguei à conclusão que ele apresentava um problema cardíaco preocupante; acabou sendo encaminhado para o cateterismo cardíaco que demonstrou que o seu caso clínico era grave; ele tinha que ser submetido à cirurgia de ponte de safena o mais breve possível. Mas, inicialmente, surpreso e depois confiante por não sentir absolutamente nada, ele não quis nem pensar nisso, dizendo que sua fé iria curá-lo. Todavia, resolveu levar a sério os seus problemas e passou se cuidar mais da hipertensão e do diabetes, controlando o peso, de fato, tendo visível melhora do ponto de vista de exames laboratoriais, dando-lhe a falsa impressão que estava curado. O tempo passava e a ausência d...

C’est Terminé

 C’est Terminé Cela fût toujours comme ça J’ai sans cesse essayé de démontrer Ce que je ne suis pas. A courir après Ce que je ne serai jamais Nier avec ardeur Ce que j’aurai aimé avoir Cela est tellement théâtral Ça suffit La pièce est terminée Je suis fatigué d’essayer De prouver qui je suis. Le rideau est tombé Je suis fatigué d’ignorer ce que j’ai fait Sans être pleinement conscient De la propagation du mal Comme si je devais des comptes rendus au monde D’après un pré- jugement absurde Qui ne se termine jamais Jusqu’au jugement dernier C’est terminé Paulo Rebelo le médecin poète

LE NOUVEL AN

  LE NOUVEL AN Por Paulo Rebelo Tradução de ANGE-MARIE Une nuit J’ai connu quelqu’un Qui s’appelait Le Nouvel An Il m’a été présenté Par l’année qui me disait au revoir J’ai ressenti de la nostalgie face à son départ, Mais pas vraiment Un manque. Car ce fût une année très difficile Que je voulais oublier Le Nouvel An me semblait Bien familier J’avais déjá vu quelqu’un comme ça Celui-ci était très spécial Il était vêtu De blanc et était charmant Il est entré dans ma rue Avec des fanfares et des feux d’artifice Il m’a fait me souvenir de quelqu’un connu Sous le nom de Année, Mais on aurait dit Que c’était juste une impression; Le Nouveau était un parfait inconnu, Magique et énigmatique, Son prénom-Année Trompait mes sens Mais son nom de famille Ah, celui de Nouveau Qui le dirait contrairement à tout, Oui le mystérieux Nouvel An M’a toujours Iimpressioné Par le pouvoir de la séduction, Car ce qui ma attiré vers lui Ètait de me présenter De l’espoir Que j’avais déjá perdu, La croyance...

ANO NOVO

ANO NOVO Uma noite  Eu conheci alguém  Que se chamava  Ano Novo.  Ele me foi apresentado  Pelo ano que se despedia  De mim.  Sentia a nostalgia por sua ida,  Mas não propriamente  Saudades. Fora um ano muito difícil  Que queria esquecer.  O Ano Novo pareceu-me  Bem familiar.  Já tinha visto alguém assim. Esse era muito especial.  Estava vestido  De branco e garboso.  Entrou na minha rua  Com fanfarra  E fogos de artifícios. Lembrava-me uma pessoa conhecida pelo nome-ANO,  Mas apenas parecia.  Era somente impressão;  O Novo era um completo Desconhecido,  Mágico e enigmático;  O seu primeiro nome-Ano, Enganava meus sentidos,  Mas o seu sobrenome...  Ah, esse tal de Novo!  Quem diria, diferente de tudo. Sim, o misterioso Ano Novo,  Ainda assim,  Me impressionou  Pelo seu poder de sedução,  Pois o que me atraiu nele  Foi apresentar-me...