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Mostrando postagens de outubro, 2020

A MEU RESPEITO: minha escrita literária.

  Paulo Roberto Campbell Rebelo 2020   A minha breve obra literária constitui-se de um conjunto de textos, em sua maioria, traduzindo uma linha existencialista. São frutos de ricas vivências pessoais e, sobretudo, profissionais que me enriquecem diariamente. Os textos são repletos de cenários idílicos, por vezes, dramáticos, povoados de aventuras e escapismos do autor em meio à dor e esperança; o uso abundante de figuras de linguagem como metáforas dão um grande sentido poético aos temas. Em síntese, em larga medida, pode-se inferir que a obra tem um intrínseco cunho autobiográfico, cujo título do livro reflete a busca do homem para o sentido maior da vida que, muitas vezes, lhe foge à compreensão diária.   AS MINHAS RAZÕES PARA ESCREVER   (a gota d´água)   Um dia resolvi deixar registrados os acontecimentos ao redor de minha vida ocorridos ao longo de várias décadas , a maioria das quais comuns a todos os seres humanos, mas que tomar...

O ROUBO

 O ROUBO Eu nunca quis  Economizar no amor.  Meu coração  Era como uma tabula rasa, Outrora, imaturo e virginal. Desfazia-se em sorrisos, Rasgava-me de alegria  E numa gostosa dor pungente  Que anestesiava. Era um misto de amor bruto  E celestial. Uma droga que hipnotizava. Não havia limites nem pudor Nesse amor seminal. Algo insano, Angelical. Quis fazer de meu coração  Uma porta escancarada, Passe livre, Sem senhas;  Apenas que me amassem, Que nem eu mais sabia Que tal porta existisse. No amor, estava completamente Entregue a própria sorte. Então, geralmente, à noite,  Quando todos os gatos são pardos,  Sorrateiramente, muitas ladras  Na forma de anjos e sereias Entravam e saíam  Tantas vezes de meu coração,  Que aos poucos,  Sem que eu percebesse, Ele foi sendo roubado e dilapidado, Que o amor perdeu o viço.  Assim, perdeu a razão, Enlouquecido, Até um dia quedar Sozinho na solidão,  Perdido nas lemb...

ARTISTA

ARTISTA Ah, Por que tinha DEUS Que dar tanta sensibilidade  Ao artista  A ponto de ele morrer  E renascer tantas vezes,  Na forma de tamanha Dor inaudita  E amores impossíveis,  O mais lídimo representante Humano? Por que não nasci assim? Imagino q tenha sido  Para nos demonstrar A beleza oculta do mundo  E nos aliviar do sofrimento Absurdo, Onde poucos homens  Tem a coragem de ir  E stamina para não sucumbir. Sim, pois sua arte Inigualável  É balsamo E puro êxtase. Intérprete da maldade humana À felicidade divina. Fê-lo enlouquecer  Para ascender  Ao topo dos céus  E descer às profundezas  Do inferno, Para nós transmitir O que lá existe, Até não saber mais O que é um e o outro. E em seus desvarios, De sua mente,  Visitar um universo Desconhecido,  Inacessível aos mortais E, então,  Produzir maravilhas, Aos nossos sentidos. Assim, o artista precisa amar  E sofrer como ninguém,  Aliás, tud...

LA RÉGRESSION

J’ai consulté   à mon cabinet médical un homme d’une quarantaine d’années. Il était chauve , petit et trapu. C’était un homme simple, il savait verbaliser ce qu’il ressentait . C’était un homme d’affaires. Cela semblait être un cas commun. Il a commencé à raconter son parcours à travers les cabinets médicaux et même dans les   églises évangéliques et que personne n’a résolu son cas.Il démontrait un mélange de déception et de tristesse, à la limite de la résignation. Alors, il a décidé d’essayer un autre médecin : moi. Quelqu’un lui avait déjà dit que son problème était d’ordre psychologique en le rejetant brusquement, ce qui contribuait encore à l’aggravation de son cas, compte tenu de la présence de forts symptômes cardiovasculaires , tels que des palpitations et des essouflements, toujours à l’aube,à partir de là, il n’arrivait plus à dormir avec la <<peur de mourir>> Même sa famille proche et éloignée était malade. Il disait   que maintenant, ...

A REGRESSÃO

Atendi um homem na casa dos quarenta e poucos anos. Era careca, baixo e atarracado. Era um homem simples, sabendo verbalizar o que sentia. Era um pequeno empresário. Parecia ser um caso comum. Iniciou o relato de seu périplo pelos consultórios médicos e até igrejas evangélicas e que ninguém resolvia o seu caso. Ainda que resoluto, demonstrava um misto de decepção e tristeza, beirando resignação. Assim, ele resolveu tentar mais um médico: eu. Alguém já tinha lhe dito que seu problema era psicológico, rejeitando bruscamente, o que contribuiu ainda mais para o agravamento do caso, dado à presença de fortes sintomas cardiovasculares, como palpitações e falta de ar, sempre nas primeiras horas da madrugada, quando a partir da aí não conseguia mais dormir bem com o "medo de morrer". Até a sua família próxima e distante estava adoecendo de preocupada.   Dizia que agora é que sua vida estava boa, em vista do que havia penado como retirante nordestino. Estava bem casado com fil...

A MORTE

A MORTE   As primeiras lembranças de um doente vêm de minha tenra infância. Talvez tenha sido a minha tristeza seminal. Francamente, não me lembro de exatamente quantos anos tinha. Dizem que nossa memória aparece apenas por volta dos cinco anos de vida. Não sei; a minha parece ter sido mais cedo. Antes a memória lembra uma pequena página em branco, onde tudo é uma grande e pura nebulosa, mas que certamente alguém escreve sobre ela coisas com caneta incolor que a marca profunda e suavemente como, quem quer fazer um registro indelével.   Era no início da noite. Fazia calor. Próximo de minha casa havia uma senhora já bem idosa, com cabelos ralos e grisalhos, emagrecida, hoje suponho, pelo câncer que lhe consumia. Era uma imagem forte, dessas que aparecem em filmes noir. Estava de olhos fechados, não lembro se ainda respirava.   Em torno se sua casa havia um burburinho obsequioso com muitos curiosos e desocupados. Lá havia benzedeiras com rezas e sussurros ent...