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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

ABSOLVIÇÃO

  ABSOLVIÇÃO* Home  /  EXISTENCIAL  / ABSOLVIÇÃO* Acordei no meio da noite. Estava assustado e suado  E com o coração A galope, Mas aliviado. Por um breve instante, Pensei que estivesse louco. Largado à deriva na correnteza de oceanos frios. E, se naquele momento Tivesse morrido, Ainda que incrédulo Terminar meus dias dessa forma, Abandonado à própria sorte, Mas quem sabe fosse melhor assim Findar o sofrimento eterno.   A consciência Relembrava-me de meus pecados venais  Aos capitais, Sentenciando-me ao degredo social, Pena máxima para todos os erros  Que tivesse cometido, Portanto meus pensamentos inauditos Eram expostos. Naquele autojulgamento; Nada mais estava omitido. A mente, então, deu-me a palavra final Para que me defendesse Das graves acusações contra mim que eu mesmo, Em solilóquios,   produzia, Como que para expiar definitivamente Os meus pecados e por últ...

VOZES

VOZES Texto existencialista Por Paulo Rebelo Ouço vozes Dentro de minha cabeça. Curiosamente, Tenho a impressão De que me são familiares. São gemidos, Murmúrios, Que tintilam Nos meus ouvidos, Ora dialogando Ora se digladiando. Falando em solilóquio, Aparentemente, Coisas sem sentido. Falam intimamente Como se fôssemos Velhos conhecidos E, com o tempo, Virado as costas Um para o outro, No fundo, parece Nunca termos sido, De fato, nos entendido; Éramos apenas conhecidos. Agora aqui estou eu Apaziguando partes distantes E antagônicas em mim , No caos interior em busca de equilíbrio de forças; O melhor de mim escondido em algum lugar. Paulo Rebelo SINOPSE Aparentemente o autor tem alucinações auditivas, mas não; ele refina o seu sentimento de perplexidade e impotência diante da complexidade do ser. O texto trata de questões do bem e do mal que açodam o indivíduo e que, em meio ao caos, busca a paz interior.

AGONIA

AGONIA* Home  /  TEXTO  / AGONIA* Home  /  AS DORES DA ALMA  /  EXISTENCIAL  / AGONIA Por Paulo Rebelo Agonia : Essa coisa esquisita Que coze dentro do peito Uma força estranha Que nos faz   reféns De certos medos . É como estar aprisionado Numa teia de aranha, Uma inquietude tamanha . A nda-se em círculos Que nem zumbis Afundando na areia movediça ; Um labirinto do qual não há saída … Paulo Rebelo, o médico poeta. SINOPSE: O texto versa sobre a aflição humana. A  agonia é reflexo da inquietude que consome o ser humano, muitas vezes, surgida de angústia, frustrações e sonhos não realizados...

OUTRA VIDA

OUTRA VIDA     Um dia Acordei Querendo ter sido Outro alguém.   Não era simples lucubração; Era um desejo visceral.   Que fosse alguém que não fosse eu mesmo. Talvez, quem sabe esse pudesse ter melhor sorte. Que ele desse fim ao interminável círculo de sofrimento. Imaginei Que ser diferente, Era a única saída, Como se eu jamais tivesse existido.   Como se fosse possível M udar de alma.   Que pudesse Deus apagar os vestígios Dos males que causei Ou de quem fui um dia; Tanta perfídia E ingenuidade. Tanta inocorrência E veleidades.   Não haveria mais memórias Das dores que sofri. Então, não haveria Mais a vergonha, De lutas inglórias Que perdi.   Que restasse apenas A suave dor da saudade Que a levaria comigo Na nova chance de vida. Uma nova criatura surgiria, Abençoada, Sem defeitos de fabricação. E imaculada.   Assim, Eu não mais existiria tal como sou; Haveria outro. Que não m...

A FUGA*

  A FUGA* Home  /  EXISTENCIAL  / A FUGA* Por Paulo Rebelo Acontece ao isolar-se Em algum lugar  Qualquer À procura de refúgio. Estranhamente , O homem intenta fugir de si mesmo, Para livrar-se da angústia inefável Que o encarcera. No fundo, É a solitude  Dentro de solidão mais profunda  Que sua alma  Não consegue preencher Nem decifrar… Paulo Rebelo, o médico poeta SINOPSE: Através da solitude, isolado, o homem busca se conhecer através do monólogo de sua consciência.

O Meu Primeiro Amor

O Meu Primeiro Amor Crônica de Paulo Rebelo  Não lembro muito bem quando passei a gostar mais de uma mulher do que de uma bola de futebol e brinquedos. Devia ter uns oito, nove ou dez anos de idade, não sei ao certo. E, quando falo de uma mulher, não é de mulher feita, voluptuosa e cheia de curvas; não! Falo de uma pré adolescente ainda meio inocente, que me olhava de uma maneira diferente de meus amiguinhos de turma. Vi nela uma clara distinção entre meninos e meninas. A maior delas é que meninas eram mais delicadas e sensíveis, mas ao mesmo tempo, eram mais precocemente "maduras". Ainda lembro bem, mesmo que a imagem esteja tão distante como se eu estivesse semiconsciente, sob efeito de algum hipnótico. Ela era mais alta do que eu, morena clara, cabelos castanhos e longos no meio das costas e bela. Ah! Como era bela. Chamava-se Jandira. Não me recordo de nada do que ela tenha me dito um dia, apenas que me tratava bem, mas me lembro vividamente de ela ter pego minha mão e te...

O VÃO

  O VÃO EXISTENCIALISMO   Às vezes, O homem Parece levitar  Num espaço entre a alegria  E a tristeza.   Há um imenso vazio Do início ao fim  De sua vida,  Com muitas perguntas  Sem respostas, Já não importa, Quando havia mais sofrimentos, Onde não há mais sentimentos; Há apenas a vastidão  Do nada.   Um dia, Ao final da longa jornada, Tudo está esclarecido. Pois, não há mais dor Nem questionamentos. Aquele vão  É preenchido completa  E silenciosamente, Por auto aceitação E resignação, Quando, enfim,  Tudo no mundo se torna relativo E que, a partir daí, Estranhamente,  Acontece o derradeiro significado  De sua existência. Paulo Rebelo SINOPSE: O texto nos fala do poder da auto reflexão.  Há um imenso espaço na vida do indivíduo  que é frequentemente negligenciado ou esquecido:  O espaço pensar e sentir adequadamente.  ...