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Mostrando postagens de julho, 2020

A ESTRADA

A ESTRADA A vida, Aquilo que se chama existir É assim: Uma caminhada sem fim, Ora extraordinária, Ora incomum, Ora enfadonha. Parece ter sentido, De repente, Não tem sentido nenhum. Às vezes, Solenemente, Ignoram-se fatos, Relevam-se Acontecimentos, Eclodem pensamentos, Então, Explodem sentimentos, Que experimentamos Intensamente, Sofremos, Que escondemos. Mascaram-se outros. Seputam-se outros tantos, Que engolindo, Nos machucamos. Que vão nos secando Nos murchando. Assim, Aos poucos seguimos Sem entender, Morrendo, Renascendo, Intensamente, Vivendo. Paulo Rebelo, o médico poeta.

O MÉDIUM

O MÉDIUM Há muitos anos, Já não sei quantos, Desde quando Passei a sentir Coisas estranhas Como sentir que alguém, Um cliente, Meu paciente Estaria próximo de morrer. Que coisa insana! Antigos professores meus Hão de dizer: "Filho, nenhum mistério; É teu olho clínico Que explana". Então, Sem mais nem menos Eu pensava: Onde está o fulano, Beltrano ? Sinto falta, Estou com saudades De ciclano! Assim, Na semana seguinte, Lá estava ele, No meu consultório, Como num passe de mágica, De minha mente, Materializado na minha frente! Alegremente, Eu o mirava, Sem desconfiar de nada, O cumprimentava Apertando a sua mão, Fitando nos olhos Ou o abraçava, Fraternalmente, Sentido o seu coração. Mas, logo em seguida, Após o exame físico, Mesmo sem nenhum exame de laboratório, Aparentemente tudo normal, Subitamente, Tomado de profunda Tristeza, Ao sentí-lo, Certeiro, Pensava: Ele veio apenas para se despedir de mim Para me dizer ADEUS...

O ARTESÃO

O ARTESÃO Às vezes, Durante a madrugada, Sonho profundamente. Um sonho doce E fecundo, Quando nesse instante, Transmuto-me num artesão, Numa longa estrada, Consertando o mundo. Não sou mais um lenhador Destruindo as matas, Poluidor dos ares, Da terra E mares, Sem nenhum amor, Sem pudor. Não só um simples sonhador, Sou um construtor! Sou arquiteto Marceneiro, Pedreiro, Engenheiro, Corrigindo, Refazendo tudo, Da sabedoria, O carpinteiro. É nesse átimo Que sou um divino obreiro, O grande restaurador Da natureza, O celeiro. Da humanidade, Da beleza. O trabalho De um mestre de obras De minha própria consciência, Da terra, O restauro da pureza, De minha inocência. Dos homens, Sua fé, A grandeza! Paulo Rebelo, o escrevente do tempo. 💐💐💐

A FRUTA*

A FRUTA Por Paulo Rebelo Eu me pergunto: O amor tem prazo De validade? Qual é o melhor instante  Para ser aproveitado, Para ser sentido, Para ser consumido, Para ser vivido? Tem idade? Pois, às vezes, Se parece como fruta da estação... Tem época! É agridoce. Colhido antes da hora, É duro, Imaturo, Não tem gosto de mel, Não tem gosto de nada, Insípido, Exceto, muitas vezes, gosto de fel. É mais saboroso Na primavera E no verão, No calor do coração, Ao longo dos anos, Aos poucos, Jamais de uma só vez, Ou num só dia, Senão, não provoca união. É que apressado E aos bocados Vira paixão, Cujo efeito adverso É nocivo, Corroi os amantes Vira dor de cabeça, Indigestão! É melhor consumido Em meio a uma pitadinha de dor, Mas depende; Dizem os poetas Que dá mais colorido, Mais alegria, Mais sabor, O verdadeiro AMOR. 💐💐💐 Paulo Rebelo, o analista do tempo.

O EQUILIBRISTA*

O EQUILIBRISTA Por Paulo Rebelo Atravessava Um desfiladeiro, Cujo vão era enorme, A profundidade era grande. Ventava muito. Fazia frio. Era um vento forte, Vento norte. O cabo de aço balançava, A vara de equilíbrio não ajudava. Imaginava ser O maior equilibrista Da face da terra Dessa era, Mas pela primeira vez Na vida tive medo, Medo de cair, Medo de morrer, De deixar de deixar de viver. De que vale o título De maior equilibrista que ja existiu na face da terra, Que o mundo já viu, O Super Homem se um dia eu mesmo duvidei de mim? Ainda sou apenas humano. Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.