A MEU RESPEITO: minha escrita literária.
Paulo Roberto Campbell
Rebelo
2020
A minha breve obra literária constitui-se
de um conjunto de textos, em sua maioria, traduzindo uma linha existencialista.
São frutos de ricas vivências pessoais e,
sobretudo, profissionais que me enriquecem diariamente.
Os textos são repletos de cenários
idílicos, por vezes, dramáticos, povoados de aventuras e escapismos do autor em
meio à dor e esperança; o uso abundante de figuras de linguagem como metáforas
dão um grande sentido poético aos temas.
Em síntese, em larga medida, pode-se
inferir que a obra tem um intrínseco cunho autobiográfico, cujo título do livro
reflete a busca do homem para o sentido maior da vida que, muitas vezes, lhe
foge à compreensão diária.
AS MINHAS RAZÕES PARA ESCREVER
(a gota d´água)
Um dia resolvi deixar
registrados os acontecimentos ao redor de minha vida ocorridos ao longo de
várias décadas, a maioria das quais comuns a todos os seres humanos, mas que
tomaram um grande significado e relevância no momento em que pouco a pouco
foram abrindo caminho para o curso de minha própria vida. O livro A GALOPE (em
busca da razão) é a história do que vivi.
Em verdade, há muitos
anos eu já escrevia, mas eram apenas rascunhos de curiosidades do consultório,
aparentemente sem nexo entre si e que estavam guardados nas gavetas ou entre as
páginas de meus livros médicos. Alguns escritos eram simplesmente ideias
fragmentadas na minha cabeça.
Após criar uma linha
coerente de pensamento que traduzisse traços pessoais e estilo próprio meus,
decidi que precisava expor minhas experiências de vida, revisitando-os enquanto
escrevia, pois especialmente, na prática médica, atendendo tanta gente e
experimentando de perto tanto sofrimento humano e confrontar com a minha
própria existência, é impossível não desenvolver empatia pelo outro.
“Assistindo a tanta dor
no mundo, tornei-me a própria do dor”.
Ao iniciar-me vida
profissional, diante da evidência da morte inexorável, da incurabilidade das
doenças e da invalidez permanente, no início, eu tinha certa dificuldade em
abordar o assunto com o paciente e seus familiares. Por exemplo: como dizer
para ele que a sua morte era inevitável? Como dizer a essa pessoa que a sua
doença não tinha mais cura, a chamada “fora de possibilidade terapêutica”? O
que lhe dizer diante da invalidez permanente com séria limitação para a sua
vida plena? E quanto à terminalidade? Enfim, se estivesse em seu lugar, como eu
gostaria de receber tais notícias? E, será mesmo que gostaria de recebê-las?
Como eu reagiria?
O meu próprio medo
passou a ser razão para escrever.
Assim, o aparecimento de
vários casos clínicos difíceis foi moldando o meu discurso médico que foi
evoluindo diante da complexidade das questões da vida e morte. Acima de tudo me
ensinaram a ter humildade e equilíbrio diante da fatalidade e desenvolver
empatia por aquele que sofre, pois muitas vezes me senti completamente
impotente e a medicina não pôde me responder sobre as aflições de minha alma.
Dessa forma, nos meus textos foi inevitável não falar de existencialismo.
De um modo geral, alguns
textos são profundamente reflexivos. São ricos em uma narrativa surreal,
traduzindo a riqueza da vida e minha dificuldade em explicá-las, senão a
através da leveza da poesia e poemas, aliviando o peso que exercem sobre mim.
Curiosamente, a minha
angústia é comum à maioria dos seres humanos e meus textos conseguem traduzir o
que sentem.
Então, acabei por
distribuir os assuntos de meus textos para as categorias a seguir:
AS DORES DA ALMA
AS
DORES DO CORPO
AS
DORES DO MUNDO
AS DORES DA ALMA são as
dores do próprio autor. Traduzem a inquietude da minha alma. Essa foi a
primeira e maior razão para escrever. É a maneira como eu vejo, sinto o mundo
ao meu redor e reajo. É um momento de profunda reflexão quando ao passar por um
instante de sofrimento pessoal, da dor eu liberto, por fim.
AS DORES DO CORPO
revelam como o autor lida com os fenômenos da morte e invalidez e encara a
relação médico-paciente, que deve ser buscada e fortalecida para que haja
sucesso terapêutico e, sobretudo, a partir da compreensão disso, seu próprio
crescimento como ser humano.
AS DORES DO MUNDO são as
dores mais distantes, porém presentes no cotidiano, vivenciadas por mim nos
âmbitos local, regional e mundial, como as constantes mudanças de comportamento
da sociedade, tendências, as doenças, desigualdades e injustiças sociais,
portanto textos “sociológicos”.
A segunda razão foi
permitir com que meus pacientes passassem a conhecer o homem Paulo Rebelo,
muito além da figura do médico. Gostaria que conhecessem o ser humano Paulo
Rebelo. Creio que o objetivo terá sido cumprido quando passarmos a conversar
assuntos mais aprazíveis, além de doenças, algo pesado para médicos e
pacientes.
A terceira razão acabou
sendo um desdobramento natural das primeiras; a necessidade deixar um valioso
registro pessoal do homem e médico Paulo Rebelo na forma de legado para as
pessoas que amo..
Um abraço fraterno,
Paulo Rebelo
Comentários
Postar um comentário