MACHADO DE ASSIS
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis é uma obra rica em mensagens e reflexões sobre a vida, a morte, e a condição humana. O romance é narrado por Brás Cubas, um defunto que, a partir da morte, faz uma retrospectiva cínica e crítica de sua vida e da sociedade em que viveu. Algumas das principais mensagens contidas na obra incluem:
1. “Crítica à sociedade e à hipocrisia social”
Brás Cubas faz uma análise irônica da sociedade do século XIX, expondo a hipocrisia das elites brasileiras. Ele critica o desejo por status, a corrupção moral, e o vazio das convenções sociais, especialmente entre os ricos e poderosos. As relações são muitas vezes baseadas em interesse e não em afeto ou moralidade genuína.
- “Exemplo”: Brás não hesita em mostrar seu próprio egoísmo, como na relação com Virgília, onde a moralidade é relegada ao segundo plano em prol do desejo e do interesse.
2. “Niilismo e pessimismo”
A obra carrega um tom profundamente pessimista, onde a vida é vista como um ciclo de futilidades e vaidades. Brás Cubas, ao narrar do além, reflete a visão de que a vida humana não tem um propósito maior, além da busca pelo prazer e pela vaidade, e que, no final, nada disso importa.
- “Exemplo”: A frase final do livro "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria" sintetiza esse niilismo, uma visão amarga de que viver é sofrer e perpetuar esse sofrimento.
3. “Reflexão sobre a morte e a efemeridade da vida”
Por ser narrado por um defunto, a morte está presente em todo o romance, trazendo uma perspectiva única sobre a vida. Brás, já morto, vê a vida como algo efêmero e sem sentido, em que as conquistas e preocupações terrenas se tornam insignificantes após a morte.
- “Exemplo”: A "invenção do emplastro" que Brás tenta criar em vida, uma pomada que curaria todas as doenças, é um símbolo de sua vaidade e desejo por fama, algo que ele percebe ser irrelevante quando está morto.
4. “Individualismo e egoísmo”
O protagonista admite ser um personagem autocentrado, interessado apenas em suas próprias ambições e prazeres. Ele passa a vida manipulando pessoas ao seu redor para alcançar o que deseja, mas após a morte, percebe a futilidade de suas ações.
- “Exemplo”: Suas relações amorosas e familiares são tratadas de maneira fria e utilitária, como o caso com Marcela e Virgília, que são exploradas por Brás para satisfazer seus desejos pessoais.
5. “Inconsequência da existência”
Machado de Assis utiliza Brás Cubas para explorar a ideia de que as ações humanas, por mais grandiosas que possam parecer, são fundamentalmente inconsequentes. A vida de Brás, repleta de erros, traições e enganos, não leva a lugar algum, e sua morte não tem qualquer impacto no mundo.
- “Exemplo”: O modo como Brás narra sua própria vida demonstra desdém pelo valor da ação e decisão, como se o livre-arbítrio fosse inútil diante da insignificância da existência humana.
6. “Inversão dos valores tradicionais”
Machado subverte os padrões tradicionais da literatura ao criar um protagonista que não é moralmente admirável. Brás Cubas não é um herói, e suas "memórias" não são de grandes feitos, mas de erros, frustrações e futilidades, refletindo uma crítica à exaltação de personagens virtuosos nas narrativas tradicionais.
- “Exemplo”: O próprio formato da obra, onde o narrador é um "defunto-autor", já é uma inversão das normas literárias da época, quebrando com a ideia de narrativa linear e heróica.
7. “Ironia e humor”
A obra é profundamente irônica, com Brás Cubas constantemente fazendo observações sarcásticas sobre a vida, a sociedade, e até sobre si mesmo. Machado de Assis usa o humor para disfarçar suas críticas, tornando-as mais sutis e eficientes.
- “Exemplo”: Ao descrever sua própria morte, Brás a trata com leveza e ironia, como se a morte fosse apenas um detalhe insignificante na grande tapeçaria da vida.
8. “Falibilidade da memória”
Brás Cubas narra suas memórias de maneira fragmentada e, muitas vezes, imprecisa, refletindo a falibilidade da memória humana. Essa forma de contar sua história mostra que a verdade é sempre subjetiva, e que nossas lembranças podem ser distorcidas pelo tempo e pela percepção.
- “Exemplo”: Brás frequentemente se contradiz, o que sugere que as memórias podem ser mais uma construção pessoal do que um relato factual da realidade.
Conclusão
As mensagens de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" são atemporais e revelam a habilidade de Machado de Assis em questionar as estruturas da sociedade e da vida humana. Com seu tom irônico e pessimista, o romance provoca reflexões profundas sobre a hipocrisia, o egoísmo, e o vazio da existência, elementos que continuam ressoando fortemente na sociedade contemporânea.
Oliver Harden
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