A DOR SOLIDÁRIA

A DOR SOLIDÁRIA 

Por Paulo Rebelo


A dor é a sina 

Do homem,

Sua cruz.

É sua carteira 

De identidade,

Que camuflada 

Leva no bolso,

Que no seu infortúnio,

Que lhe presta 

Solidariedade,

Uma espécie de luz.


O homem deveria

Ser mais agradecido

À dor que carrega na alma.

Ela é reconfortante.

Ela é a única companheira

Nas horas incertas,

Presente quando se anda 

Só e abandonado

Por áreas desérticas.


A dor é como o ar 

Que o homem

Obrigado respira

Fruto do pecado original,

Que carrega no corpo

Como um veneno 

Que silenciosamente

Lhe mata pedagogicamente

E aos poucos

Até o instante final.


Acostuma-se a ter 

A dor tão de perto,

Como um leão de circo

Inquieto.


A recompensa maior,

Todavia, é um dia

Dar-lhe adeus.

Assim dizemos:

Éramos mais felizes sem ela

E não sabíamos.


Paulo Rebelo, o médico poeta.

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