A INEXISTÊNCIA DO TEMPO
A INEXISTÊNCIA DO TEMPO
Amanhece...
Após uma sucessão
De segundos
No TIC TAC
Do relógio
Que batiam insistentemente
À minha porta.
No fundo,
Aglomerando-se
Lá fora,
Tropeçaram sobre si
Mesmos,
Fazendo coro,
Causando-me
Ansiedade de estar
Acordado,
Vendo desfilarem
À minha frente
Diante de meus olhos passivos,
Quando não sei mais
Se é sonho ou realidade
Mas já cronicamente Atrasado...
Quisera congelar
O tempo,
Mas sou empurrado
Adiante numa avalanche
¹De necessidades
E desejos acumulados.
Ah! Essa angústia
Do que há por vir,
Do trabalho de ontem
Não realizado,
Por tê-lo feito pela metade
Ou mal feito é tão surreal
Que me faz reviver Sofregamente
Horas do passado
E correr para adiantar
Os ponteiros do relógio
Do meu quarto,
Onde é lá me sinto
Mais seguro
E dar um salto
Já para o futuro,
Pois por que sofrer
Hora após hora?
Talvez, lá não haja
Nada disso;
Tudo é distorção
Da mente, compreendendo,
Enfim, que o tempo
E dor são exatamente iguais:
Ambos passam!
Paulo Rebelo, o médico poeta.
Obra do pintor surrealista espanhol Salvador Dali.
Comentários
Postar um comentário