O MEDO

O MEDO

Por Paulo Rebelo 


Um dia passei a ter medo.

Nunca soube exatamente

O porquê.

Havia tempos que não o sentia.

Não lembro claramente

Em que instante surgiu

E para quê.


Pode ter ocorrido 

Quando vim ao mundo.

Lá estava eu frágil 

E vulnerável.

Vi o caos naquele momento;

Chorei de pavor.

Pela primeira vez,

A dor.


Não era qualquer medo.

Acompanhou-me

Desde então.

Era um tipo intangível,

Mas não era ilusão.

Por certo,

Inseguro,

Receio do que 

Haveria de experimentar 

No futuro.


O medo literal do escuro.


Aí vem o medo do presente,

Do passado 

E do próximo minuto.


Desde então, 

Um medo atávico

Passado de pai para filho,

De geração em geração;

O medo do palhaço,

Do cachorro

E do bicho papão.


Tudo metáfora 

Das coisas que vem

E virão.


Assim,

Ocorre o medo viver

De não viver,

De adoecer,

De falar,

De calar,

De doer,

De amar,

De sofrer,

De dormir 

E não mais acordar,

O medo de morrer...


A razão de tantos medos

No fundo,

Jamais saberão dizer;

É insondável,

Um mistério tão profundo,

Por Deus!

Quisera eu saber.


Paulo Rebelo, o médico poeta

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