ABISMO

ABISMO

Por Paulo Rebelo 


Carrego dentro do peito 

Um enorme buraco,

Cheio de um vazio

Que é pesado demais,

Um não sei de quê,

E que foi se abrindo aos poucos, 

Como um pequena rachadura,

Pois não surgiu de um cataclisma,

Criado um abismo.

E parece na casa do sem jeito,

Uma estranha loucura.


É um espaço virtual,

Eu sei,

Todavia tão real.


Ele grita, 

Mas ninguém o ouve.

Só eu o vê e sente. 

Mostra-se ser insaciável,

Volúvel

E carente.


Já tentei preencher com tudo,

Que a ilusão oferece;

Viagens, hoteis de luxo, 

Vinhos franceses,

Mercedes e Ferraris. 

Mulheres lindas e caras

De todas as nacionalidades

E sabores.

De seus corpos

Exalavam extasiantes

Odores.

Até tive um harem, 

Todas as tentações do mundo.

Mais nada!

Tudo parece estar aquem.


Tornei-me um adicto.

Trouxeram-me felicidade breve

E frusta,

Dentro de mim.

Tinha um inebriante

Gosto amargo

De um escuro

Que parece não ter fim...


Paulo Rebelo, o poeta da linha do equador.


P.S. Inspirado a partir de "Em uma parte alguma", de Ferreira Gullar.

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