UMA PROSA COM O POEMA
Acordei às duas da manhã, maravilhado pelo dia de ontem, então, insone, mas inspirado, passei a escrever o poema a seguir, levando em conta o hábito meu e de muitos escritores de escrever e reescrever poemas, que parecem nunca estar prontos.
🩺❤️🩺
UMA PROSA COM O POEMA
Por Paulo Rebelo
Uma vez, incomodado
Com nossas brigas constantes,
Mandei uma carta
A um grupo rebelde
De poemas meus,
Empunhando uma bandeira branca
Branindo "eu quero paz".
Pasmem,
Comicamente,
Digladiavam-se entre si
Para ver quem era o melhor
Escrito por mim
E, principalmente, o pior:
Intolerantes comigo,
Dizendo que "eu nunca terminava
O que escrevia,
Fazia longas ausências
Sem escrever uma única linha sequer,
Pois sempre nos poemas
Encontrava neles defeitos,
Rasurava-os
E até jogava-os, sem dó nem piedade,
Na lata do lixo,
Fazendo-me queixas absurdas
E greves, paralizando a minha escrita,
Quando nenhum poema
Era produzido,
Até que suas demandas
fossem 100% atendidas.
A razão é que poemas
São vaidosos e exigentes;
Puristas, dizem que não podem ter erros,
Exceto nas licenças poéticas.
Adquiri com o tempo
Como todo poeta perfeccionista que é,
Um vício terrivel de escrever
E reescrever um poema
Muitas vezes
Até enfadonhar-me,
Em busca da perfeição,
Que sei jamais atingida,
Mas me esqueço,
Que de tanto fazer isso,
O poema acaba transfigurado,
Parecendo outro,
Gerando em todos desgosto.
É que dizem eles que sou instável,
Portanto "inconfiável",
Escrevo muito pouco ou demasiado;
Meu humor varia com a luz do dia
E com a companhia,
Que uso muitos pontos gramaticais
Como (?), (!), (.), (,) (;) (:)
E (...) e outros que nem existem mais,
Que portanto, segundo eles,
Eu estaria "dificultando
O fluxo de suas ideias",
Tornando-os incompreensíveis aos seus fãs e seguidores nas redes sociais!
Aceito as críticas,
Desde que construtivas, e justas!
Não essas prosaicas!
É que pelejamos muito
Uns com os outros
Por um texto melhor,
Que sabemos nunca está perfeito,
Sempre tem algum defeito!
Assim vivemos brigando,
Pois meus poemas inconvenientes,
Vivem me dizendo como escrever
E até o que escrever,
O que para mim é Inegociável!
Ora, sacrificar a estética?
Talvez, sim
Pois gosto não se discute,
Mas a ética e moral jamais!
Escrevi-lhes na carta:
"Que não tolham a liberdade de escrever,
Pois dessa forma poemas nunca mais poderão ser escritos!"
(O próprio poeta perecerá)
Paulo Rebelo, o poeta-médico da linha do equador!
P.S. Um tributo aos poetas que vivem reescrevendo seus textos em busca da perfeição, lembrando-me de SÍSIFO, que foi condenado para todo o sempre a empurrar uma pedra até ao cimo de um monte, caindo a pedra invariavelmente da montanha sempre que o topo era atingido. Este processo seria sempre repetido até à eternidade para a glória da poética!
P.S. Escrevo essas coisas, quando não tenho o que fazer. Pudera, a cidade dorme profundamente: minha mulher, os gatos, o cachorro e o papagaio! 😜
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