AS RAZÕES DE EU ESCREVER
Amigo Beraldo,
saudades!
Lançarei um livro (o primeiro de uma trilogia) brevemente-A GALOPE em busca da 0razão-não é um livro religioso, espírita, místico, esotérico nem de autoajuda; é um livro profundamente existencial, onde o indivíduo/leitor vai ao encontro de si através de textos que representam o EU lírico do autor. Há alguns aforismos e frases curtas, mas principalmente, poemas existenciais e outros de amor. Permita-me delongar-me.
"Ao longo do tempo tendo assistido tanta dor alheia, acabei por me tornar a própria dor ambulante".
Os meus textos são minha válvula de escape, uma catarse; é o meu RIVOTRIL. Não dá para suportar tanto sofrimento sem um "antídoto"; a escrita é minha panaceia.
"Já vivi 150 anos na face da terra e ainda viverei outros mais, pois escrever parece uma missão que transcende minha vontade, pois a arte literária me transformou num homem melhor (antes de falar, escrevo!). Ajudou-me a dar sentido ao meu pensamento e equilíbrio às minhas emoções. Agora não explodo mais. Apago antes o incêndio escrevendo, rasgando/rasurando o texto e reescrevendo até sair como sinto um fato ou eu deveria dizer algo, contornado a ansiedade, a tensão e o nervosismo cada vez menores com a senilidade (estou com 67 a agora).
"Já vi quase tudo que Deus o diabo tinham para apresentar a um homem comum como eu. Já vi muitas coisas através dos olhos alheios e vivi a dor na pele de outrem, eis que nunca perdi um filho, a mãe ou a esposa, por exemplo".
Assim, como eu senti o sofrimento alheio tive uma pálida ideia do que é perder alguém que se ama muito e somado às minhas próprias agruras, tornei-me um exímio "expert em dor humana". Isso está explicito nos textos.
Aprendi a respeitar o indivíduo e ter empatia por ele em três dramáticas situações a dizer a seguir, e com ele fui aprendendo para me preparar para o futuro. Antes te dizer algo impressionante; diante da morte, já testemunhei ateus, agnósticos e "à toas" pedirem perdão a DEUS, creia-me.
As situações a que me refiro são:
✅ a cronicidade desgastante física e emocional de uma doença, por exemplo, ICC, IRC, DPOC e etc.;
✅ a incapacitação física como a perda de um membro, da visão, da audição, a hemiplegia com profunda deficiência e dependência de terceiros;
✅ por último, o indivíduo diante da inexorabilidade da morte como num câncer com metastase.
A experiência pessoal dessas pessoas é reveladora. Diante delas sou um arguto observador, mas não exatamente passivo; através da arte da medicina, Deus, o arquiteto do universo me outorgou "poderes mágicos"; posso intervir no seu destino crurando-os ou, simplesmente, aliviando seu sofrimento através da empatia, acolhimento e palavras como um bálsamo. Isso me tomou quarenta e tantos anos de aprendizado numa troca intensa e profunda de emoções, que somente a relação médico-paciente pode prover. Sem demagogia, Sigo aprendendo.
Amigo, somos privilegiados, pois a medicina nos deu a enorme capacidade de intervir no destino de alguém; dar-lhe a cura ou aliviar o seu sofrimento.
Assim, considero o consultório como se fosse o Templo do Oráculo de Delfos, aonde o peregrino, (leia-se, paciente) se dirige e após ser ouvido (entenda-se anamnese e exame físico) pergunta ao Oráculo: "qual é o meu futuro?", "Há uma saída para o meu caso?" A diferença entre o Oráculo e o médico é que este além de intervir no corpo e na mente do indivíduo, ele lhe dá ao paciente o que ele mai deseja: esperança de cura.
Um forte abraço!
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