A OPRESSÃO

A OPRESSÃO
Por Paulo Rebelo

Um dia
a gente acorda
oprimida,
sem norte,
sem saída,
sem sorte;
poderia tentar olhar
para dentro de si
e buscar não maldizer
a vida,
desejando a morte.

Afinal,
o que fazer a respeito,
senão parar de reclamar
e curar a ferida?

O que falta
para livrar-se desse roteiro
e por fim,
terminar
essa maldita sina,
quando num instante 
o mundo torna-se incolor,
nada tem odor,
e a existência
puramente insípida?

Há muito sofrimento
no mundo
para um homem só suportar.
Já bastam sonhos desfeitos,
nunca por alcançar.

A dor é insuportável
quando
se está sozinho,
de si próprio destituído.
Há motivos de sobra
para se lamentar
desiludido
e prantear a cântaros,
por se sentir abandonado,
aturdido.

Então,
é desse jeito:
um vazio sem tamanho,
que preenche o peito,
surgido do poço profundo,
sentindo-se completamente
estranho
e infecundo.

Que momento incômodo é esse,
não poder fugir?
Pois mover-se,
doí o corpo inteiro,
e continuar perdido,
num beco escuro,
aflito atirado no fundo de uma rede,
num labirinto,
sofrido,
eternamente com sede.

Enfim,
o que faz
deixar-se levar
pela opressão que anula
e silenciosamente
desistir de lutar?

Nem a alma sabe explicar!

Assim,
na vida,
não há outro caminho
a seguir,
a não ser continuar a arriscar tudo,
num ciclo enfadonhamente
repetitivo
e interminável,
cujo destino final,
com sorte,
será para sempre tentar acertar.

Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SPAM

MERCADO FINANCEIRO